Os reflexos primitivos são essenciais no desenvolvimento normal. Eles são movimentos automáticos, estereotipados e involuntários.
Estes reflexos surgem durante a gestação e alguns nos primeiros tempos após o nascimento, sendo a base do plano de desenvolvimento da criança durante o primeiro ano de vida.
No desenvolvimento normal, estes reflexos são gradualmente integrados e diminuídos, permitindo que reações de retificação e equilíbrio se manifestem, progredindo no desenvolvimento.
Quando o controlo do córtex cerebral (responsável por funções mais complexas) está interrompido ou atrasado, os padrões primitivos predominam, não permitindo o aparecimento de atividades sensoriomotoras mais complexas. Diversas razões podem impedir a integração destes reflexos, como por exemplo: parto prolongado, parto envolvendo fórceps ou ventosas e cesariana.
Da mesma forma, estes reflexos podem encontrar-se retidos, ou seja, estão presentes, mas não impedem a função. Ainda assim, podem influenciar a execução de diversas atividades. Neste caso, alguns fatores que contribuem para a retenção destes padrões são posturas restritivas prolongadas (cadeiras, carros, berços), outros ambientes confinantes, postura em decúbito ventral (barriga para baixo) ausente ou limitada.
Existem vários reflexos primitivos que são a base do desenvolvimento, sendo que iremos referir os seis mais importantes. Eles desenvolvem-se em diferentes estruturas do cérebro, e a sua não integração pode indicar-nos o grau de maturidade cerebral já que, reflexos que se encontrem em estruturas mais primitivas, como medula ou ponte, serão os que se integram em primeiro lugar.
Reflexo de Moro (reflexo medular): Surge à 9ª semana de gestação; É integrado entre os 2 e os 4 meses de vida; Associado a respostas de stress e sobrevivência. É o único reflexo que engloba 6 sentidos:
– Vestibular;
– Auditivo;
– Visual;
– Propriocetivo;
– Tátil;
– Olfativo.
Reflexo de Galant (reflexo medular): Diretamente associado ao reflexo de Moro; surge à 20ª semana de gestação; é integrado entre os 3 e os 9 meses de vida; é o reflexo que inicia o trabalho de parto, pelos movimentos de inclinação que apresenta.
Reflexo Tónico Labiríntico de Flexão (reflexo tronco encefálico): Surge intra útero; é integrado até aos 4 meses de vida; muito importante na ativação dos flexores que nos dará a base para o tónus de extensão.
Reflexo Tónico Labiríntico de Extensão (reflexo tronco encefálico): Surge ao nascer; é integrado, gradualmente, das 6 semanas até aos 3 anos;
Reflexo Tónico Cervical Assimétrico (reflexo tronco encefálico): Surge à 18ª semana de gestação;
É integrado aos 6 meses de vida; é o responsável pelo primeiro pontapé in útero e muito importante para o desenvolvimento visual.
Reflexo Tónico Cervical Simétrico (tronco encefálico): Não está presente na altura do nascimento;
Surge entre os 6 e os 9 meses de vida; é integrado entre os 9 e os 11 meses de vida; existem duas apresentações:
– RTCS de flexão (membros superiores em extensão e membros inferiores em flexão)
– RTCS de extensão (membros superiores em flexão e membros inferiores em extensão)
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